O CHAMADO DA DEUSA
Acreditamos, que em algum momento de nossas vidas, a Deusa nos chama para o seu caminho, nos chama de volta para Ela. Já ouvi, de várias pessoas, maneiras diferentes, formas distintas do tão falado “O Chamado da Deusa”.
Já ouvi relatos de pessoas que andando por entre as árvores de um bosque inglês, coberto de neve, ouviu o seu chamado. Ouvi outras pessoas falando que desde crianças se sentem bruxas, outras, em sonho, tiveram o contato com Ela, alguns a conheceram através de seus antepassados.
E eu, um dia ouvi esse chamado, sem o glamour de um bosque inglês, sem antepassadas bruxas, e sem sequer um dia Ter lido um livro sobre o assunto... nunca havia sonhado com a Deusa, ou se havia sonhado, não A tinha reconhecido. Vou contar a vocês, como foi, o “meu chamado”, como Ela entrou em minha vida, para isso, vou Ter que compartilhar com vocês a minha vida.
Meu filho caçula, tinha um ano, era apenas um bebê, e eu era uma jovem mãe, com 21 anos. Meu filho adquiriu uma tuberculose no gânglio do pescoço, eu nem sequer sabia que existia esse tipo de doença... para mim, tuberculose era doença pulmonar, mas meu filho teve essa doença, com apenas um ano de idade. Procurei todos os recursos que podia, eu era muito pobre naquela época, mas minha família, amigos, todos se comoviam com a situação, pois o pescoço dele já se confundia com o ombro... era horrível! Não havia recurso médico que pudesse salvar o meu filho, a medicação não funcionava, eu era messiânica, assim como meu marido, dentro da nossa crença orávamos pela cura dele. Meu irmão, espírita, conseguiu uma consulta com uma entidade, e nesta altura do campeonato, eu faria qualquer coisa para salvar a vida do meu bebê. Nada dava resultado, até que o médico o internou.
Ver meu filho, de apenas um ano, cheio de fios e tubos, era muito para mim... Dois dias após a internação, o médico me chamou e falou que meu filho não teria mais 24 horas de vida, pois o tumor (da tuberculose) estava pressionando a carótida e a jugular dele, o que acarretaria uma parada cardíaca ou um derrame cerebral a qualquer momento, não pensei duas vezes, já que não tinha mais jeito, eu queria que meu filho morresse em meus braços. Assinei um termo de responsabilidade e tirei meu filho do hospital.
Quando cheguei em casa, com o meu filho moribundo, fraquinho, resolvi dar um banho nele, e o arrumar para a morte. Meu banheiro era tão pequeno, que a banheira que eu havia ganho, não cabia nele, então eu colocava a banheira, próximo a janela da sala.
Enquanto eu banhava meu filho, minhas lágrimas se misturavam com a água do banho, aquele poderia ser o último banho que eu daria em meu bebê. De repente, uma luz iluminou a água, e eu falei em voz alta: “Como eu queria que a vida do meu filho se iluminasse como essa luz ilumina esta água! ”Olhei pela janela, e vi, uma Lua Cheia, que se refletia na água. Instintivamente eu tirei meu filho d’água, o enrolei numa fralda e subi uma escada que dava para meu terraço.
Num impulso incontrolável, eu tirei todas as minhas roupas, como quem se despe de todos os conceitos e pré-conceitos, levantei meu filho pro céu e disse:
“Lua, você que iluminou aquela água, ilumina a vida de meu filho! Sei que tu és Mãe, e sei que sabes sobre minhas aflições. Ouve o apelo de uma mãe, toma a vida do meu filho, e traga a cura para ele!”
Eu chorava, e sequer sabia o que estava falando. Sei que falei repetidas vezes, e que me sentei nua no chão do terraço e passei a noite com meu filho nos braços, orando para “Aquela Mãe”. Jamais conseguirei reproduzir o que falei naquele dia, jamais conseguirei repetir aquelas frases. Naquele momento a Lua também era a “minha mãe”, eu me sentia acolhida, aconchegada, meu filho dormia, como não fazia a tempos. Eu só sai dali quando o primeiro raio de Sol iluminou o céu.
Desci, coloquei meu filho no sofá velho que tinha na minha sala, e fui preparar uma mamadeira para ele. De repente, ouvi um estrondo, e um suspiro.... pensei: “Meu filho morreu!”. Corri para a sala e me surpreendi com o que vi, a sala estava coberta de pus, as paredes lavadas de pus, e meu filho ainda vivo no sofá. No local do tumor, um grande buraco, de onde jorrava pus. Enrolei meu filho num pano, e corri para a casa do meu pai pedindo socorro.
Entramos no consultório médico correndo, e a Drª olhou para mim e falou: “Mãe, eu não sei o que aconteceu, mas sei que foi um milagre!” Ela colheu material (pus) para biópsia, e colheu o sangue dele para exame. Quando peguei o resultado da biópsia, constatava a tuberculose, mas o exame de sangue mostrava que não havia traços da doença.
Quis saber o que tinha acontecido, quem era Aquela Lua, quem era Aquela Mãe que havia ouvido os meus apelos. Mas eu era muito pobre na época, e não tinha condições de comprar livros, telefone era um luxo que eu jamais pensei em Ter um, computador então... ah, era sonho....
Então, durante quatro anos, isso mesmo, quatro anos, todo primeiro dia da Lua Cheia, eu subia no meu terraço, e agradecia profundamente à Lua pela vida do meu filho. Nunca deixei de fazer isso sequer uma vez.
Com o tempo, eu fui sentindo a presença do vento, da terra, da chuva, do calor, e sentindo que aquilo tudo deveria fazer parte do meu rito pessoal, e fui incorporando um cristal, uma vela, um copo d’água, um incenso ao meu rito, aos poucos, como eu ia percebendo.
Já não ia a Igreja, não tinha porque... meu marido achava que eu estava louca, e se irritava toda vez que eu praticava a “minha religião pessoal”, como eu chamava.
Porém eu sabia que essa religião existia, pois eu tinha ganho um livro de Paulo Coelho, e lá estava a Brida, trilhando o caminho Lunar. Então eu não podia estar louca.
Com o tempo, minha vida foi mudando, e minha condição financeira também. Consegui um emprego, me separei. Mas ainda não tinha condições de comprar livros, sequer sabia que existiam livros sobre o assunto.
Então eu ia para uma grande livraria, e em pé, folheava os livros, procurando achar as respostas para as minhas perguntas, foi quando vi um livro que falava da Wicca, que era o nome da Sacerdotisa da Brida, então eu liguei o nome ao assunto, e li.
Ali, naquele momento, eu compreendi, que o meu caminho já tinha nome, minha religião se chamava Wicca, eu era uma bruxa, e tinha ouvido o chamado Dela.
Nôra Shannon
Acreditamos, que em algum momento de nossas vidas, a Deusa nos chama para o seu caminho, nos chama de volta para Ela. Já ouvi, de várias pessoas, maneiras diferentes, formas distintas do tão falado “O Chamado da Deusa”.
Já ouvi relatos de pessoas que andando por entre as árvores de um bosque inglês, coberto de neve, ouviu o seu chamado. Ouvi outras pessoas falando que desde crianças se sentem bruxas, outras, em sonho, tiveram o contato com Ela, alguns a conheceram através de seus antepassados.
E eu, um dia ouvi esse chamado, sem o glamour de um bosque inglês, sem antepassadas bruxas, e sem sequer um dia Ter lido um livro sobre o assunto... nunca havia sonhado com a Deusa, ou se havia sonhado, não A tinha reconhecido. Vou contar a vocês, como foi, o “meu chamado”, como Ela entrou em minha vida, para isso, vou Ter que compartilhar com vocês a minha vida.
Meu filho caçula, tinha um ano, era apenas um bebê, e eu era uma jovem mãe, com 21 anos. Meu filho adquiriu uma tuberculose no gânglio do pescoço, eu nem sequer sabia que existia esse tipo de doença... para mim, tuberculose era doença pulmonar, mas meu filho teve essa doença, com apenas um ano de idade. Procurei todos os recursos que podia, eu era muito pobre naquela época, mas minha família, amigos, todos se comoviam com a situação, pois o pescoço dele já se confundia com o ombro... era horrível! Não havia recurso médico que pudesse salvar o meu filho, a medicação não funcionava, eu era messiânica, assim como meu marido, dentro da nossa crença orávamos pela cura dele. Meu irmão, espírita, conseguiu uma consulta com uma entidade, e nesta altura do campeonato, eu faria qualquer coisa para salvar a vida do meu bebê. Nada dava resultado, até que o médico o internou.
Ver meu filho, de apenas um ano, cheio de fios e tubos, era muito para mim... Dois dias após a internação, o médico me chamou e falou que meu filho não teria mais 24 horas de vida, pois o tumor (da tuberculose) estava pressionando a carótida e a jugular dele, o que acarretaria uma parada cardíaca ou um derrame cerebral a qualquer momento, não pensei duas vezes, já que não tinha mais jeito, eu queria que meu filho morresse em meus braços. Assinei um termo de responsabilidade e tirei meu filho do hospital.
Quando cheguei em casa, com o meu filho moribundo, fraquinho, resolvi dar um banho nele, e o arrumar para a morte. Meu banheiro era tão pequeno, que a banheira que eu havia ganho, não cabia nele, então eu colocava a banheira, próximo a janela da sala.
Enquanto eu banhava meu filho, minhas lágrimas se misturavam com a água do banho, aquele poderia ser o último banho que eu daria em meu bebê. De repente, uma luz iluminou a água, e eu falei em voz alta: “Como eu queria que a vida do meu filho se iluminasse como essa luz ilumina esta água! ”Olhei pela janela, e vi, uma Lua Cheia, que se refletia na água. Instintivamente eu tirei meu filho d’água, o enrolei numa fralda e subi uma escada que dava para meu terraço.
Num impulso incontrolável, eu tirei todas as minhas roupas, como quem se despe de todos os conceitos e pré-conceitos, levantei meu filho pro céu e disse:
“Lua, você que iluminou aquela água, ilumina a vida de meu filho! Sei que tu és Mãe, e sei que sabes sobre minhas aflições. Ouve o apelo de uma mãe, toma a vida do meu filho, e traga a cura para ele!”
Eu chorava, e sequer sabia o que estava falando. Sei que falei repetidas vezes, e que me sentei nua no chão do terraço e passei a noite com meu filho nos braços, orando para “Aquela Mãe”. Jamais conseguirei reproduzir o que falei naquele dia, jamais conseguirei repetir aquelas frases. Naquele momento a Lua também era a “minha mãe”, eu me sentia acolhida, aconchegada, meu filho dormia, como não fazia a tempos. Eu só sai dali quando o primeiro raio de Sol iluminou o céu.
Desci, coloquei meu filho no sofá velho que tinha na minha sala, e fui preparar uma mamadeira para ele. De repente, ouvi um estrondo, e um suspiro.... pensei: “Meu filho morreu!”. Corri para a sala e me surpreendi com o que vi, a sala estava coberta de pus, as paredes lavadas de pus, e meu filho ainda vivo no sofá. No local do tumor, um grande buraco, de onde jorrava pus. Enrolei meu filho num pano, e corri para a casa do meu pai pedindo socorro.
Entramos no consultório médico correndo, e a Drª olhou para mim e falou: “Mãe, eu não sei o que aconteceu, mas sei que foi um milagre!” Ela colheu material (pus) para biópsia, e colheu o sangue dele para exame. Quando peguei o resultado da biópsia, constatava a tuberculose, mas o exame de sangue mostrava que não havia traços da doença.
Quis saber o que tinha acontecido, quem era Aquela Lua, quem era Aquela Mãe que havia ouvido os meus apelos. Mas eu era muito pobre na época, e não tinha condições de comprar livros, telefone era um luxo que eu jamais pensei em Ter um, computador então... ah, era sonho....
Então, durante quatro anos, isso mesmo, quatro anos, todo primeiro dia da Lua Cheia, eu subia no meu terraço, e agradecia profundamente à Lua pela vida do meu filho. Nunca deixei de fazer isso sequer uma vez.
Com o tempo, eu fui sentindo a presença do vento, da terra, da chuva, do calor, e sentindo que aquilo tudo deveria fazer parte do meu rito pessoal, e fui incorporando um cristal, uma vela, um copo d’água, um incenso ao meu rito, aos poucos, como eu ia percebendo.
Já não ia a Igreja, não tinha porque... meu marido achava que eu estava louca, e se irritava toda vez que eu praticava a “minha religião pessoal”, como eu chamava.
Porém eu sabia que essa religião existia, pois eu tinha ganho um livro de Paulo Coelho, e lá estava a Brida, trilhando o caminho Lunar. Então eu não podia estar louca.
Com o tempo, minha vida foi mudando, e minha condição financeira também. Consegui um emprego, me separei. Mas ainda não tinha condições de comprar livros, sequer sabia que existiam livros sobre o assunto.
Então eu ia para uma grande livraria, e em pé, folheava os livros, procurando achar as respostas para as minhas perguntas, foi quando vi um livro que falava da Wicca, que era o nome da Sacerdotisa da Brida, então eu liguei o nome ao assunto, e li.
Ali, naquele momento, eu compreendi, que o meu caminho já tinha nome, minha religião se chamava Wicca, eu era uma bruxa, e tinha ouvido o chamado Dela.
Nôra Shannon