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    A HISTÓRIA DO DRUIDISMO - artigo de maio2010 em covenanimus.com

    Bruxa Honda
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    Mensagem  Bruxa Honda Sex maio 21, 2010 11:55 am

    A história do
    Druidismo



    Recentemente, em uma palestra sobre druidismo, me perguntaram “como eu poderia saber se a Tradição que eu sigo e os rituais que pratico são aqueles que os antigos druidas praticavam”. Minha resposta foi simples: Não tenho a menor idéia se estou certo ou não. Mas, isto importa? Importa saber se os celtas eram chamados verdugos na antiga Inglaterra?

    Dentro do paganismo moderno, temos a consciência (pelo menos alguns), de que não estamos repetindo, ipsis literis, os rituais que eram praticados há mais de 2.000 anos. Estamos, e isto sim (conforme disse uma das maiores bruxas que conheço), resgatando nossa ancestralidade, nossa busca pelo sagrado da natureza. E, quer façamos deste ou daquele modo, estaremos fazendo da maneira correta.

    Mas, vamos refrescar um pouco a memória falando sobre história.

    De onde vieram os druidas? Eram discípulos de magos que vieram da antiga Pérsia? Iniciados do culto de Ísis que vieram do Egito? Sobreviventes de Atlântida? Ou vieram com uma onda humana que se espalhou vinda da Índia por pressões migratórias internas? Todas estas hipóteses tem seguidores, embora a última seja a escolhida por grande parte dos estudiosos.

    Um dos maiores desafios dos pesquisadores – historiadores, paleontólogos, lingüistas – foi determinar qual território teria sido o ponto inicial da cultura indo-européia. Apesar de ainda existirem pontos discutíveis acerca desta ou daquela afirmação, o consenso afirma que os indo-europeus surgem no que hoje é o Irã, e dali se expandem em duas vagas – uma para leste, outra para oeste. A que nos leva ao Ocidente é justamente a que vai originar a cultura celta.

    O certo é que por volta do segundo milênio a.e.a. (antes da era atual), aqueles que conhecemos como celtas se expandiram pelo continente europeu em sucessivas ondas migratórias, chegando à Europa Ocidental entre os séculos VII e VI a.e.a. Quando as primeiras tribos celtas chegam às regiões hoje conhecidas como França, Ilhas Britânicas e Península Ibérica, aquelas áreas já eram ocupadas por culturas coletivamente conhecidas como povos neolíticos, dos quais sabemos muito pouco, dada a escassez de registros.

    O que sabemos por seus vestígios arqueológicos é que era uma cultura de agricultores e astrônomos – seus conhecimentos precisos sobre a movimentação dos astros e corpos celestes lhes permitiu a construção de formidáveis estruturas megalíticas como Newgrange na Irlanda, Carnac na França, Avebury e Stonehenge na Inglaterra.

    Os druidas formavam a classe de sacerdotes-filósofos da sociedade celta da Europa Ocidental. Contudo, o druidismo não é um fenômeno pan-célitco, isto é, não é encontrado em todas as regiões onde os celtas se instalaram.

    A chegada dos celtas àquela região ocupada por uma cultura megalítica, da idade do bronze, enquanto os indo-europeus conheciam o ferro, pôs em contato essas duas culturas. Do contato entre elas, surge uma espiritualidade que funde os elementos originais que os celtas trouxeram (e que era de cunho notadamente indo-europeu) com as características dos povos autóctones da região. Ao resultado dessa fusão, dá-se o nome de druidismo.

    Entretanto, só viemos a saber sobre os druidas por relatos daqueles que com eles se preocuparam. Julio César, em “De Bella Galico” (A Guerra da Gália) afirma: “uma grande quantidade de jovens se reúne ao redor deles (os druidas) para receber instrução, e por isso são muito honrados...” e também: “Na verdade, são os druidas que resolvem quase todas as disputas, públicas e privadas. E se um crime tiver sido cometido, se tiver ocorrido um assassinato ou se houver uma disputa sobre sucessão ou fronteiras, são também os druidas a decidir sobre eles, determinando as penas e as compensações.”

    Vários autores os citam: “Os filósofos, como nós os chamamos, e os homens versados em assuntos religiosos são especialmente honrados entre os gauleses, que os chamam de druidas. Os gauleses também se valem de adivinhos, tendo-os na mais alta estima; esses homens prevêm o futuro através do vôo ou do canto das aves e do sacrifício de animais sagrados, e toda a população lhes é obediente... É seu costume não praticar nenhum ritual sem um desses ‘filósofos’, pois as oferendas aos deuses devem ser feitas pelas mãos daqueles que conheçam a natureza do divino, e que falem, por assim dizer, a língua dos deuses. É também por intermédio desses homens que eles recebem suas bênçãos.” (Diodorus Siculus, v, XXXI).

    E também: “são mestres em muitas artes” (Pomponius Mela) e “também costumam discutir os astros e seus movimentos, a grandiosidade do mundo e da terra e sobre a natureza das coisas” (César); eles “estudavam a ciência da Natureza” (Estrabão),“as ciências merecedoras de conhecimento” (Ammianus Marcelinnus), os “cálculos e a aritmética” (Hipólito) e “as leis da Natureza, que os gregos chamam de fisiologia” (Cícero).

    Os registros nos mostram ainda que os druidas eram mediadores em conflitos inter-tribais, atuando como verdadeiros diplomatas, e também eram os responsáveis pela preservação de sua história e suas tradições – o papel de historiador e mitógrafo (embora aqui, o termo seja impropriamente empregado, uma vez que sua tradição era oral).

    A transmissão de todo esse conhecimento se dava através de versos, o que faz com que os druidas fossem, também, poetas. Muitas das lendas e mitos, bem como as linhagens sagradas de reis e divindades, eram preservadas e transmitidas por uma categoria especializada de druidas - os bardos - através de versos e músicas - portanto, entre os druidas havia também musicistas.

    Certo mesmo, é que a influência dos druidas deve ter sido considerável, pois três imperadores romanos tentaram extinguí-los por decreto como classe sacerdotal num prazo de 50 anos - sem sucesso.

    O primeiro foi Augusto, que impediu os druidas de obter a cidadania romana. Em seguida, Tibério baixou um decreto proibindo os druidas de exercerem suas atividades e finalmente Cláudio, em 54 d.C., extinguiu a classe sacerdotal. Certo mesmo é que, 300 anos mais tarde, os druidas ainda continuavam a ser citados por autores como Ausonio, Amiano Marcelino e Cirilo de Alexandria, como uma classe social e religiosa de extrema importância e respeitabilidade.

    Na próxima coluna, falaremos sobre o renascimento do druidismo. Até lá, eu proponho para vocês um exercício e uma prece:

    Sente-se, se possível em contato com a terra, em uma posição que seja confortável. Pode ser de pernas cruzadas, coluna ereta. Feche os olhos e sinta-se livre de todo e qual tipo de preocupação.

    Na Tradição que eu sigo, sempre, antes de começarmos uma cerimônia, antes de entrarmos no Círculo, dizemos: “ao entrar neste Círculo Sagrado dispo-me de todos os pensamentos perturbadores e problemas do mundo externo que impeçam minha comunhão com o Um”. Concentre-se na sua respiração...

    Inspire pelas narinas durante seis batimentos cardíacos, retenha o ar por três batimentos e expire durante seis batimentos. Fique sem respirar por três batimentos e repita o exercício por três vezes.
    Sinta o raiar do sol. Você pode fazer isto imaginando-se no alto de uma montanha, na praia, no campo, ou sentir o sol nascendo em seu interior, de uma maneira que você consegua sentir. E então, diga em voz alta a prece abaixo:

    Eu te saúdo, Sol,
    Centelha divina de Deus!
    Que a tua força,
    Que a tua luz,
    Que o teu poder,
    Que a tua energia,
    Que a tua vitalidade,
    Reflitam sobre mim,
    Agora e sempre!
    Que assim seja,
    Assim é,
    E assim será!

    Tendo banhado-se na luz, no calor e na força do sol, sinta-se você novamente. Sinta-se pleno de vitalidade e força. Tome consciência de seu corpo e das coisas que estão ao seu redor. Quando estiver pronto, abra os olhos. Não se levante rapidamente. Dê uma boa espreguiçada e guarde esta sensação de comunhão com você.

    Pax et Lux per omini, in urbis et orbis.

    AWEN!

      Data/hora atual: Ter Nov 26, 2024 11:58 pm