Centro de Debates ~ Paganismo em foco! | covenanimus.com | irmandadeflordelotus.com

Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

    A SOBREVIVÊNCIA DO DRUIDISMO - artigo de junho.10 em covenanimus.com

    Bruxa Honda
    Bruxa Honda
    Admin


    Mensagens : 140
    Data de inscrição : 09/11/2009
    Idade : 43
    Localização : Porto Alegre - RS

    A SOBREVIVÊNCIA DO DRUIDISMO - artigo de junho.10 em covenanimus.com Empty A SOBREVIVÊNCIA DO DRUIDISMO - artigo de junho.10 em covenanimus.com

    Mensagem  Bruxa Honda Sex Jun 25, 2010 2:25 am

    Como vimos no nosso último artigo, os druidas foram perseguidos, no mínimo, por três imperadores romanos. Cirilo de Alexandria no século III da era atual, os cita como uma classe social e religiosa de extrema importância e respeitabilidade. Assim com a expansão do império por quase toda a Europa, o druidismo tornou-se um movimento secreto, sofrendo perseguições e massacres. De que modo então, esta tradição foi preservada até os dias de hoje?

    Grande parte do que sabemos sobre os druidas, nos vem da Irlanda. Vindos do continente europeu por duas principais rotas migratórias, os celtas chegaram à Irlanda em sucessivas e distintas ondas (uma através da Grã-Bretanha, a outra diretamente do continente pela Península Ibérica).

    Um detalhe, entretanto, poupou a Irlanda de ter suas tradições apagadas: ela nunca foi colonizada por romanos e assim, pelo menos mais três séculos após a conquista romana das terras celtas da Gália e da Grã-Bretanha, o druidismo continuou a florescer em terras irlandesas, só vindo a ser ameaçado com a chegada do cristianismo no século quinto.

    Em 431, como uma crescente comunidade cristã já florescia na Irlanda, um bispo chamado Palladius foi enviado pelo papa Celestino I para ser o primeiro bispo da Irlanda. Pouco se sabe sobre os atos e feitos do bispo. O que se sabe, com certeza, é que seu sucessor teve não só seus resultados, mas toda a sua vida muito bem documentados, o que o credenciou a ser melhor conhecido. Era ele, Patricius, um jovem britânico de origem romana, e que ficou reconhecido como o cristianizador dos irlandeses e venerado até hoje como Saint Patrick.

    O isolamento geográfico e a distância da Sé em Roma, porém, deram ao cristianismo irlandês características peculiares, como a admissão de mulheres como episcopisas, a permissão do casamento entre os membros do clero e, principalmente, uma busca pelo Divino através de meditações em eremitérios e pequenos mosteiros espalhados por todas as regiões da Irlanda. Além disto, o fato dos bardos serem aceitos no meio do novo regime cristão, permitiu que pudessem transmitir sua linha de ouro de ensinamentos até os dias de hoje. Foram monges irlandeses, aliás, que preservaram em belíssimos manuscritos medievais muito do que conhecemos hoje dos mitos e lendas dos deuses celtas da Irlanda.

    O historiador Stuart Piggot afirma que os bardos galeses do século dezoito “mesmo tendo de uma certa forma atravessado uma certa decadência, em 1792, não eram tolos. Na Idade Média, como seus congêneres da Irlanda, faziam parte da hierarquia céltica tradicional, com raízes e genuínas no passado recuado dos celtas e dos druidas.” As escolas bárdicas continuaram a funcionar na Irlanda até o século dezenove.

    Em 1717, o irlandês John Toland e o inglês John Aubrey fundaram a Druid Order, a 22 de setembro, data do Equinócio de Outono. Toland era um católico, mas tinha grande interesse em temas ocultos (como era comum com grande parte da sociedade inglesa da época). Aubrey escrevera um livro sobre Stonehenge e outros círculos de pedras, atribuindo-os aos druidas. Outro nome importante nessa época é o de William Stuckeley, um reverendo inglês que em 1720 funda a Sociedade dos Antiquários (os precursores da arqueologia). Stukeley também escreveu um livro sobre Stonehenge, chamado “Stonehenge Restored to the British Druids”. Era um ávido pesquisador da alquimia e de outras ciências ocultas, e via no druidismo uma oportunidade de conciliar sua verve cristã com seus interesses ocultos.

    Mas foi o poeta e ilustrador William Blake quem contribuiu de forma definitiva para a consolidação deste período do druidismo. Ele cria uma estrutura para a Druid Order, afirma que “os druidas e bardos eram monoteístas e patriarcais” e que descendiam de Abrahão. Para ele, a Grã-Bretanha era a bíblica Terra Prometida e Cristo havia sido crucificado num carvalho. Como se pode perceber, nesta fase o rigor histórico dava lugar a uma desesperada tentativa de se conciliar o cristianismo com uma pseudo-história fantástica e com tradições ocultas, como a alquimia. Em 1781, surge a Ancient Order of Druids, outra ordem que apostava na mesma fórmula cristianismo - druidismo - ocultismo. Seu fundador, Henry Hurle, inspirou-se claramente na Maçonaria escocesa para desenvolver a AOD. Ela ainda existe como entidade filantrópica e conta atualmente com cerca de 3000 membros na Grã-Bretanha.

    Mas a principal personagem do Renascimento Druídico do séc. XVIII ainda estava por aparecer. Um autodidata nascido em Glamorgan (País de Gales) dotado de grande interesse pela cultura celta e um profundo senso patriótico, Edward Williams faria de tudo para dar ao povo galês uma identidade que contrastasse com a cultura imposta pelos ingleses, chegando ao ponto de até forjar textos e tradições. Williams ganhou notoriedade quando, no dia 21 de junho de 1792 , data do solstício de verão, realizou um ritual de inauguração de sua Gorsedd (assembléia de druidas) em plena Londres, em Primrose Hill.

    Com esse rito em praça pública, Williams queria chamar a atenção dos ingleses para seu passado celta. E a partir dali, Williams seria mais conhecido por sua alcunha: Iolo Morganwg. Criava-se a Gorsedd dos Bardos Britânicos, que existe até hoje na forma da Fraternity of Druids, Bards and Ovates of Britain. Anualmente, ainda são celebradas competições poéticas entre os bardos, que declamam exclusivamente em galês, preservando assim sua cultura.

    O elemento comum a todos os nomes acima citados era um legítimo interesse na história ancestral da Grã-Bretanha, um nacionalismo exacerbado e uma enorme dose de criatividade. Iolo Morganwg publicou um livro chamado Barddas, cujo conteúdo seriam as antigas tradições dos Bardos do País de Gales. Sabe-se que ele realmente pesquisou a fundo os mitos e lendas de sua terra, mas quando não encontrava a informação que desejava, ele não hesitava em criar uma verdade de acordo com seus interesses.

    Stuart Pigoot, em seu livro The Druids, repudia todo o trabalho de Iolo chamando-o de fraudulento. Mas, o que a grande maioria dos que escrevem sobre esta matéria, incluindo Piggot, não compreende é que quando se começa a trabalhar com o esotérico, estamos, em parte, sob influência de Mercúrio, ou Lugh, deus da comunicação entre o divino e o humano. Mas Mercúrio também é o deus dos ladrões e da impostura, do jogo de cena e da ilusão, da grande magia, - a manipulação da consciência e do mundo causal.

    O mundo do ocultismo fervilhava com ordens iniciáticas, sociedades secretas e irmandades. Por toda a Grã-Bretanha, ordens druídicas pipocavam aos montes, sempre alardeando sua grande ancestralidade, sempre misturando tradições ocultas diferentes, sempre reservadas a um grupo fechado de homens – somente homens.

    Com a chegada do séc. XX, Londres é o centro do ocultismo mundial. Figuras como Aleister Crowley, Helena Blavatky e tantos outros nomes importantes povoam as suas ruas, e tradições como a Ordo Templo Orientis (O.T.O.), a Golden Dawn, a Maçonaria e os Rosa-Cruzes atraem centenas de simpatizantes. O druidismo neste período não passa de mais uma tradição oculta, uma sociedade secreta com pouco ou nada a ver com o druidismo original.

    Esse quadro só começa a mudar na década de 40, quando um estudioso escocês chamado Robert MacGregor-Reid, influenciado pela literatura da época, decide introduzir na sua ordem druídica elementos voltados ao paganismo apresentado por autores como Sir James Frazer e Margaret Murray.
    Nessa época, Ross Nichols, membro da AOD, pesquisava o calendário celta original, e apresentou à liderança da ordem textos que descreviam os festivais celtas. Sempre tradicionalistas, os líderes da AOD recusaram-se a aceitar a sugestão de introduzir esses festivais no calendário de celebrações druídicas, pois “desde sempre a AOD celebra os solstícios e equinócios e nada mais.” Desolado, Nichols apresenta suas descobertas a outro membro da AOD, um folclorista e místico que, poucos anos depois, inclui essa informação em sua maior criação: uma “antiga tradição celta” que teria sido preservada no interior da Inglaterra, por grupos fechados de bruxas. O nome desse folclorista era Gerald Gardner, e a tradição por ele criada é a wicca. Quanto a Nichols, em 1964 ele rompe com a AOD, muito fechada e elitista para seu gosto, e funda a Order of Bards, Ovates and Druids (OBOD). Finalmente, Nichols pôde reintroduzir os elementos celtas originais ao calendário druídico!


    Druidismo Hoje

    Nichols foi um prolífico escritor, e deixou um legado inestimável sobre druidismo. Seu sucessor, o atual líder Phillip Carr-Gomm, cristalizou os elementos pagãos da OBOD, ainda que a ordem mantenha um certo formalismo. Uma divisão da OBOD é a British Druid Order, ou BDO,fundada por Philip Shallcrass na virada dos anos 70. Pouco depois, Shallcrass conheceria uma jovem druidesa de cabelos negros e de grandeza de espírito proporcionalmente inversa à sua baixa estatura, uma jovem que mudaria o cenário do druidismo e se transformaria uma das maiores figuras do druidismo atual: Emma Restall Orr.

    Originalmente ligada à OBOD, Emma não se conformava com alguns anacronismos e posturas rígidas daquela ordem. Procurou Shallcrass, interessada em ingressar na BDO e, tão logo foi aceite, assumiu a co-liderança da Ordem. O que se seguiu foi uma revolução. Introduzindo as mais recentes descobertas da arqueologia e da história, a BDO apresenta um druidismo sólido, com fortes bases teóricas, mas livre do hermetismo e do ocultismo das outras tradições. Some-se a isso a sensibilidade de Emma Restall Orr, os fortes elementos xamânicos redescobertos pelos historiadores e temos um pacote completo.

    É graças a essa filosofia de se desenvolver um druidismo responsável e historicamente embasado que logo a BDO se torna uma das mais fortes organizações druídicas da Inglaterra – e logo atrai associados em outros países. Esse processo de internacionalização do druidismo promovido pela BDO levou Emma Restall Orr a reformar a Ordem, deixando seu aspecto regional e tornando-a uma organização mais ampla, que visa a congregar grupos e indivíduos praticando o druidismo no mundo todo. Nascia a DRUID NETWORK.

    Espalhada em praticamente todos os continentes, a Druid Network possui células estruturadas nos Estados Unidos, no Canadá, na Alemanha, na França, na Austrália, na Nova Zelândia e, agora, também no Brasil – todas elas com o mesmo compromisso de apresentar de forma honesta a História, a inspiração, a poesia e a magia do druidismo.

    Chegamos assim aos dias atuais. Através de mais de três milênios de história, a longa estrada do druidismo desemboca à nossa frente. Uma estrada por vezes clara, por vezes não mais do que uma trilha, por vezes duplicada, por vezes impossível de trilhar. Acima de tudo, porém, o druidismo atual é uma tradição espiritual válida, pois soube evoluir e se adaptar às necessidades de seu tempo.


    Vamos a um novo exercício?

    Espero que vocês tenham feito diariamente o exercício proposto anteriormente e estejam em comunhão com vocês mesmos, com o sol interior iluminando suas vidas. Plenos desta sensação, coloquem-se em pé com os pés ligeiramente afastados (o afastamento dos pés deve ser o mesmo da largura dos seus ombros), e os joelhos levemente curvados.

    Balance o corpo suavemente, inspire enquanto balança para frente, colocando o peso do corpo sobre a frente da sola dos pés, e expire enquanto balança para trás, colocando o peso do corpo no calcanhar.
    Quando inspirar, levante os braços levemente, como se estivesse imitando as ondas. Quando expirar, deixe seus braços caírem suavemente. Suas mãos não tocam no corpo neste exercício, mas você pode imaginá-las pulsando e criando uma bola de energia que irradia um pouco abaixo de seu umbigo.
    Assim que sentir a sensação de onda crescendo, sinta-a penetrando profundamente em seu corpo, na dimensão interna do corpo, e pulsando novamente de volta para fora do corpo. Sinta esta onda se expandindo para fora, para além de seu corpo, para tão longe quanto consiga ainda sentir a sua pulsação. Pratique o tanto que quiser e se sentir bem. Você vai se sentir muito relaxado e energizado com este exercício.

    Quando terminar, una as mãos sobre seu hara (centro energético do corpo, localizado três dedos abaixo do umbigo) e preste atenção na vibração sutil e na sensação morna pulsante da energia fluindo em seu corpo.

    Pax et Lux per omini, in urbis et orbis.

    AWEN!

      Data/hora atual: Seg Jul 01, 2024 7:47 am