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    FESTAS CIGANAS - artigo de junho.10 em covenanimus.com

    Bruxa Honda
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    Mensagem  Bruxa Honda Sex Jun 25, 2010 2:31 am

    "Depois do mês de maio, 'o mês mais cigano do ano', onde comemoramos a festa de Santa Sara Kali, e acontecem muitas festas dia e noite em toda a parte do mundo, muitos rituais e consagrações feitos para o ano todo, muitos gadjôs (não ciganos) me perguntam, se existem festas em outros meses, e se serão bem recebidos nessas festas, já que não são ciganos nem descendentes de ciganos.

    Digo que festas ciganas acontecem o ano todo, pois o povo cigano é muito festeiro, e tudo que passa nos clãs ciganos é comemorado com festas que chegam a durar dias seguidos de muita alegria, fartura, beleza, música e danças.

    Alguns clãs ciganos são mais conservadores e não permitem que os gadjôs freqüentem suas festas, conheçam seus rituais, ou participem deles.

    Meus ancestrais - do clã Kalon (região da Espanha e Portugal) - são mais tolerantes, e até pelo jeito muito comunicativo que possuem (já que a maioria é comerciante, muitas vezes de peças artesanais diversas, músicos, ourives, etc), permitem que gadjôs conheçam parte de seus rituais e conheçam suas belíssimas festas, para alegria de muitos curiosos e amantes da cultura cigana, um sentimento ‘sem explicação’ para muitos, mas tenho certeza que o 'ar do oriente' já foi algo que viveram em pelo menos uma de suas vidas...Por isso sentem uma saudade sem explicação...

    E olhando nos olhos dessas pessoas - verdadeiros espelhos d’alma - quem tem maior sensibilidade enxerga isso em muitos...Lindo de ver e sentir!

    E falando em festas, este mês vou falar das festas mais tradicionais, danças e coreografias mais presentes nas apresentações das festas ciganas, todas muito intensas e lindas!


    VIVER CIGANAMENTE - "A Alma Cigana"...

    Digo sempre que dentro de cada um de nós, existe um pouco da alma cigana. Comece a sentir a sua, reparando nos segredos da natureza, no olhar das crianças, no caminhar à noite, sob a luz do luar e das estrelas.

    Dançar e bater palmas por tudo que a vida e a natureza nos oferecem. Com muita sabedoria e intuição, saber que, se nada de material tiver, tem por teto o céu estrelado e o luar, uma grande fogueira para aquecer e para espantar a tristeza, lindos músicos soando os violões ciganos e violinos, com alegria e emoção.

    Natureza, paz, liberdade e amorosidade formam o sentido do "viver ciganamente"; seu potencial de alegria, criatividade e dons, é o que pede a Era de Aquário, para que possamos levar a magia da dança cigana aos que possuem alma cigana.

    Talvez, as tradições, a música, a cultura e a dança deste povo tenham sido absorvidas pela sociedade moderna, devido ao seu poder de magia, sedução e mistério, mostrem o fim da peregrinação que parece ter agora atingido seu ápice.

    Neste momento, tudo o que foi retido no inconsciente coletivo desse povo, por milênios, devido à força da fraternidade e aos novos anseios por liberdade e espontaneidade pessoal da civilização moderna, estão vindo à tona.

    Viver ciganamente é adotar um estilo de vida onde libertar-se dos bloqueios, preconceitos e preocupações mesquinhas é a regra. É acima de tudo um exercício de coisas e pessoas, porque de fato, não possuímos nada e nem ninguém, mas tão somente nossas almas.

    Precisamos captar essa essência, que é a capacidade para a universalidade e isso exige que liberemos nossa natureza impetuosa e independente, quebrando, muitas vezes, as convenções preestabelecidas para vivermos nossa lenda pessoal.

    Esse é, por certo, o perfil do novo ser da Era de Aquário, que assim como o cigano, será um cidadão do mundo, sem fronteiras nem barreiras para amar e viver mais integrado espiritualmente...

    Para que nós, "djês", despertemos para o novo e estejamos abertos a aventuras, precisamos deixar fluir a nossa vontade: de sair para o mundo, de desfrutar a beleza da natureza, de dançar os quatro elementos ao redor da fogueira e ao som das cachoeiras, libertando, aos poucos, nossa alma.

    A dança cigana constitui uma das mais puras expressões desse novo modo de viver mais autenticamente; é um vibrante hino à liberdade, uma vez que, quando os ciganos cantam e dançam, eles estão celebrando a força da vida.
    Toda beleza, alegria e sensualidade de seus ritmos podem ser apreciados nas suas festas típicas, principalmente nos casamentos; quando as mulheres executam movimentos suaves, com giros de mãos e saias, além de coreografias com lenços, ao som de violinos, gaitas e pandeiros.

    A dança cigana difere da dança do ventre e da dança flamenca. São trabalhos corporais que receberam influências dos países por onde passaram. Mesclaram-se os costumes de suas vestimentas, objetos, adornos, jóias e passos, mas sempre imbuídos pelo sentimento de universalidade e celebração à Natureza e à Mãe Terra.

    Quando a cigana dança, ela usa o corpo todo, num embalo gracioso, romântico, altivo e sensual, expressando seus sentimentos mais profundos, recorrendo a certos objetos e adereços. Quando o casal dança, expressa um romantismo idealizado, refletindo um amor de outra dimensão, com olhares apaixonados e juras de amor eterno.

    O trabalho corporal do homem cigano, quando dança, lhe dá uma postura de altiva masculinidade. Seu olhar sábio e cheio de magnetismo animal, mostra seu desejo de proteger o clã e a mulher amada. O sapateado, muito usado na dança cigana, trabalha no bailarino o elemento terra, que mantém o seu equilíbrio e a sua harmonia interna. Por isso, acredito que hoje, quem sente o espírito e a nostalgia na alma, de algo já vivido em vidas passadas, quando ouve os acordes, algo pulsa forte em seu coração e o corpo recorda que viveu, dançou, celebrou nos campos, o casamento, o amor e as festas alegres do povo cigano.


    AS FESTAS CIGANAS

    Uma festa cigana é uma celebração à vida! São momentos de alegria e prazer que podemos desfrutar, mesmo sem sermos ciganos. Quando se prepara essa festa, são postos em evidência os seus usos e costumes. Para isso, tudo deve ser muito bem planejado: a escolha do local, os móveis e utensílios, a comida e, principalmente a música, que traz em cada um de seus acordes, um pouco da alma cigana.

    O local escolhido, de preferência ao ar livre, com muitas árvores, deve ser amplo para que se possa colocar carroças decorativas em círculo, formando uma clareira. As carroças, que funcionam como pequenas casas, podem ser substituídas por trailers modernos com tudo o que é necessário para viagens ou para passar os dias durante a festa. As de casamento chegam a durar 4 dias.
    No centro da clareira, é acesa uma fogueira e para os músicos reserva-se um lugar especial. São eles que irão animar a festa, enquanto durar.

    Além das carroças, pode-se montar tendas coloridas, uma de cada cor, mas sempre com detalhes dourados cintilando nelas. Muitos jogos, danças e brincadeiras são feitos, durante a festa. Muito usada em acampamentos de ciganos da Hungria é a dança dos enamorados. No centro de uma clareira é fincado um pau-de-sebo, bem alto e saindo dele várias fitas coloridas. Os casais enamorados dançam em volta dele, enredando-se nas fitas multicoloridas, ficando mais juntinhos a cada volta.

    Para maior conforto dos convidados, mesas com toalhas vermelhas, brancas e amarelas todas com cintilantes detalhes dourados, são espalhadas pela clareira.

    No centro de cada mesa, são arrumadas flores e velas que enfeitam e iluminam a festa. As refeições muito fartas, preparadas e servidas pela própria dona da casa com a ajuda dos filhos e outros parentes, são dispostas em uma mesa muito grande, também enfeitada com flores e velas, arrumada com uma linda toalha de cor vibrante, sem nunca faltar o dourado da riqueza e da prosperidade. Um lugar especial nessa mesa é reservado para o 'chá ritualístico'.

    Os ciganos não costumam acender velas em suas festas mais fechadas, pois segundo sua crença, a luz das velas poderiam 'atrair os mortos'.

    Quando há convidados gadjôs (não ciganos), para os quais as velas acesas significam alegria, colocam castiçais acesos, ou tochas que iluminam o ambiente.

    A matriarca anfitriã esmera-se para servir muitos tipos de pães, incluindo os com frutas, com ervas e o natural, assados das mais variadas carnes, cozidos de carnes com grãos, como lentilha, grão de bico, feijão fradinho, que são pratos típicos ciganos. As bebidas podem ser escolhidas entre refrigerantes de todos os tipos, sangrias, vinhos suaves e secos das melhores safras e champanhes para os brindes. O cuidado com a decoração das mesas e de toda a festa, tem o objetivo de mostrar o que a família tem de melhor, demonstrando que a prosperidade reina naquela casa.

    Nesses dias festivos, todos exibem suas melhores roupas, xales, sapatos e jóias, principalmente as herdadas da família.


    "A FORÇA DA DANÇA CIGANA"

    Algo que muitos acham bonito de se ver, mas não imaginam que existe muito mais do que apenas beleza.

    A força da dança cigana compara-se a um grande ritual de magia.

    A alegria de seus movimentos, acompanhando os sons tirados dos violões, violinos, acordeons, e cantos, tocam os sentimentos mais profundos de todos os nossos chakras

    NO BÁSICO: Atua na cor vermelha nos dando garra, alegria de viver festivamente e vontade de dançar a noite toda.

    NO UMBILICAL: Trabalhamos com a cor laranja, nos tocando com a graça da criatividade, leveza, feminilidade e sensualidade.

    NO PLEXO SOLAR: Ao som das rumbas, sentimos fortemente um rodopiar de energia amarela e solar como o fogo incendiando nossa área de 'vontade superior', desbloqueando a apatia da vida, irradiando uma força energética, que só quem sente na alma, "a força da música cigana" pode descrever.

    NO CARDÍACO: Ao som das músicas suaves ou fortes, na luz rosa da emoção, a alegria faz fluir a 'cor verde', fazendo pulsar nosso coração em um ponto máximo de equilíbrio, numa euforia de calor humano contagiante.

    NOS CHAKRAS SUPERIORES: A força vital estará à sua disposição, nesse momento, e após algum tempo de treinamento, com certeza, os amantes da dança cigana sentirão que este estado de alegria traz um realinhamento de corpo, mente e espírito, realizando alguma coisa que lhe dê prazer e alegria. A palavra chave é a "celebração da vida".

    A ativação do fluxo sanguíneo, durante a dança, permite uma melhoria das articulações, fortalecimento e alongamento da musculatura, ossos e terminações nervosas dos pés e pernas. Harmonização dos movimentos, dando maior leveza à expressão da feminilidade. Aos poucos, pode-se perceber que as rotações dos pulsos e as articulações das mãos vão se tornando mais soltas, interferindo no posicionamento dos cotovelos, dos ombros, na abertura do peito (abertura do coração) e no alongamento do eixo postural (coluna vertebral).

    Esse trabalho corporal propicia grande melhora da postura, deixando a silhueta alinhada e altiva, dando resistência física e motora. Do ponto de vista psicológico e emocional, por evocar a suavidade, a alegria, a sensualidade e a altivez, a dança contribui para o aumento da auto-estima, o que é um caminho para a afirmação da individualidade, através da concretização de objetivos pessoais. Ressalta a beleza interior e a alegria de viver, em movimentos que liberam energias negativas e tudo o que está travado internamente vem à tona, ficando só a luz da alegria.

    Além do que se imagina, a arte da dança cigana é um campo fértil para a revelação dos bloqueios, do caráter e dos sentimentos das pessoas. Portanto, é uma dança do corpo e da alma, onde certos sentimentos (como depressão, desânimo, preguiça, etc. ), que, porventura possam surgir no decorrer do processo de cada um, precisam ser disciplinados e dominados.


    A DANÇA CIGANA E OS QUATRO ELEMENTOS

    Os ciganos, que sempre viveram em contato com a natureza, que conhecem o poder de seus elementos - água, fogo, terra e ar - não poderiam deixar de usá-los em sua dança, pois essas energias, trabalhadas com sabedoria, podem despertar um caminho para a individualidade, possibilitando a concretização de objetivos pessoais.

    COM O ELEMENTO FOGO, trabalha-de a vitalidade, a iniciativa, a sensualidade sadia.

    COM O ELEMENTO ÁGUA, desbloquia emoções, cria muita alegria.

    COM O ELEMENTO TERRA, que é o elemento da sustentação, dá força e equilíbrio. Quando dançamos, nosso pés tocam agilmente a terra e dela recebemos a energia que é a nossa força fundamental.

    Com os trabalhos das mãos, echarpes e xales, nos envolvemos COM O ELEMENTO AR, pois enquanto dançamos temos a respiração acelerada, o que aumenta a oxigenação do corpo, dando-nos maior agilidade, alegria e ânimo.

    Celebrando a vida, a dança é uma pausa de felicidade que nos faz abrir o campo da sensibilidade. Esteja consciente desta fonte perene de energia e alimente talentos que lhe permitam desenvolver todo o seu potencial. Não desperdice esses preciosos momentos de dança com lamentos e indecisões, procurando atividades que, talvez, lhe dêem alegria mais imediata.
    Praticar a dança cigana é um convite a:

    - Descobrir seu corpo e ter mais consciência dele;
    - Harmonizar corpo-alma-mente;
    - Aprender a magia do chá cigano;
    - Aprender a meditar e a encontrar a luz do Eu Interior;
    - Mudar a cor dos cabelos;
    - Mudar toda sua lingerie;
    - Usar brincos e pulseiras vistosos;
    - Usar roupas soltas e coloridas;
    - Perceber os 'insights' para ir atrás do seu destino e fazer coisas novas;
    - Desmarcar compromissos, apenas pelo prazer de uma caminhada no parque;
    - Pintar a casa e mudar as coisas de lugar;
    - Encher a casa de rosas brancas e vermelhas;
    - Dançar em volta da fogueira, ao som dos violinos;
    - Praticar rituais consagrados aos Ciganos do Oriente e à Santa Sara Kali, para que, através de sua Luz e de seu Amor, os pedidos sejam materializados.


    - RITUAIS NAS CELEBRAÇÕES -
    Para os ciganos, o nascimento, o noivado, o casamento e a morte são acontecimentos especialmente marcantes. As celebrações são efetuadas com muita magia e significado.

    - O NOIVADO É considerado o mais belo dos rituais realizados pelos ciganos, principalmente quando celebrado com os punhais. Os pais dos noivos utilizam punhais de seus antepassados, aqueles que tenham significado familiar, ou os compram, antes do casamento. O punhal da noiva é todo enfeitado com pedrarias e o do noivo é mais simples e sóbrio. No dia do noivado, na presença dos familiares e amigos, é feita a troca dos punhais, ficando assim estabelecido o compromisso. O punhal da noiva é guardado em um lenço vermelho de seda, o mesmo utilizado para envolver a garrafa de bebida (champanhe, uísque ou vodka) que serviu para o brinde aos noivos. No dia da cerimônia do casamento é utilizado o mesmo lenço para unir os pulsos dos noivos que, segundo as tribos mais tradicionais, tem o simbolismo de selar o compromisso com sangue.
    Após este ritual, ele envolve novamente os dois punhais significando envolver os noivos para o resto de suas vidas.

    - O CASAMENTO - Na tradição original, para a cerimônia são usados: punhais, vinho, pão, sal e uma taça de cristal.

    O VINHO: Para que nunca falte alegria e felicidade para o casal;

    O PÃO E O SAL: Representam a união, pois quando o pão e o sal perderem o sabor, marido e esposa não mais terão amor um pelo outro.

    A TAÇA DE CRISTAL: Para manter a harmonia e a liderança transparente na vida do casal. Os noivos beberão o vinho na taça, que será atirada ao chão pelo noivo. Neste instante, os padrinhos pronunciarão: "vocês só vão se separar, quando estes pedaços de cristal se unirem" e "ninguém jamais poderá sentir o gosto deste vinho".

    COM OS PUNHAIS: (os mesmos do noivado), será feito um pequeno corte nos pulsos dos noivos (o dele, simbolicamente cortará o pulso dela e vice-versa).
    Os pulsos serão unidos com o mesmo lenço vermelho, utilizado na cerimônia do noivado, para que o sangue dos dois perpetue em uma única vida. Após o ritual, os punhais são guardados, neste mesmo lenço vermelho, que permanece com o casal durante toda sua existência, para que jamais se separem (substitui a aliança). Essa cerimônia é pouco praticada hoje em dia. A cerimônia é festejada durante dois dias consecutivos. No primeiro, os noivos se vestirão de branco e no segundo, terão seus trajes vermelhos decorados com enfeites dourados (pingentes, correntes, moedas, etc.). Os casais dançam noite a dentro, ao redor da fogueira, sem que seus corpos se toquem e toda a paixão, sensualidade e romantismo que a dança inspira são demonstrados nos olhares ardentes.

    Na tadição do clã dos ciganos Kalons, usa-se após a cerimônia, o noivo 'raptar' a noiva, saindo a galope em seu cavalo, levando-a para a nova moradia, para a noite de núpcias. No clã dos Calderash, segundo a tradição, a noiva virgem e o noivo são acompanhados até a tenda pela madrinha, que espera a consumação do casamento para recolher a prova (o lençol com sangue) de que a noiva era realmente virgem quando foi entregue ao noivo. Existe um juramento de morte, caso seja constatado o contrário. A noiva deverá conviver com os sogros e servi-los por dois anos, para aprender os costumes da família e só depois disso será julgada capaz de ter sua própria casa com o marido.

    - A HARMONIA, A GRAÇA E BELEZA DA DANÇA CIGANA -
    OS PASSOS DA DANÇA - Terá atingido os objetivos propostos pela dança cigana como terapia, quando a pessoa conseguir, enquanto dança, manifestar graça, energia e força, ao mesmo tempo em que desenvolve sua coordenação motora, adquire uma postura elegante e harmoniosa, o que resulta em maior equilíbrio físico e energético de seu corpo. A dança cigana é executada, com perfeição, quando se une o balançar da saia com a beleza dos movimentos e, ao mesmo tempo, harmoniza o feminino com a graça de cada gesto. Quando executada por homens, essa dança faz emergir o lado primal e, ao mesmo tempo, protetor da alma masculina cigana, dando-lhes um halo de luz, magia, romance e amor que faz os corações femininos pulsarem mais forte. A dança cigana é uma dança solta da alma. Quando os acordes musicais, aos poucos, vão envolvendo todo o corpo, fazem surgir um bailado mágico, forte, romântico, em que a energia ou sutileza dos movimentos dependem da origem da música executada.
    Por isso, dificilmente, os ciganos fazem coreografias; dançam soltos e livres, colocando em cada movimento suas emoções.

    - ALGUMAS COREOGRAFIAS: Quando a cigana dança, usa o corpo todo para expressar seus sentimentos mais profundos, recorrendo a certos objetos simbólicos como: echarpe, lenço, xale, punhal, pandeiro, leque, rosa, tochas, candelabro, etc...

    A DANÇA DO LEQUE: Esta é uma dança de conquista. Nela trabalha-se a sedução e a sensualidade. O mistério do olhar, num rosto de mulher escondido pelo leque, traduz um ensejo de conquista. As mãos, em movimentos esguios e elegantes, trocam de posição com o leque mostrando em cada movimento o poder da feminilidade e a força sutil da sedução.

    A DANÇA DAS ROSAS: Neste espetáculo, a estrela maior é a rosa, nas cores vermelha, amarela e branca. Essa dança traduz todo o sentimento revelado pela alma, mostrando a saudade de um amor vivido. Por isso, é uma dança/expressão: do rosto, dos olhos, dos braços, do andar. Nas mãos das dançarinas, as rosas dançam um bailado forte e romântico, bailando no ar, tocando os corpos que se movimentam. Quando a música termina e as rosas são jogadas para a platéia, sente-se um suspiro único no ar, como se uma energia de amor e romantismo iluminasse o coração de cada pessoa presente.

    - A DANÇA DO LENÇO OU ECHARPE: A dança da echarpe trabalha o elemento fogo, procurando equilibrá-lo com o corpo da dançarina, através dos movimentos de sua coreografia. Muito usada nos casamentos ciganos. O lenço ou echarpe significa a amizade, a união e o enlace. Os lenços percorrem o corpo da cigana e se encontram no ar, num círculo energético e colorido que é traçado ao redor dos noivos, durante o cerimonial, numa dança alegre que envolve todos os convidados. A dança da echarpe expressa o fogo da mulher apaixonada, o amor, a auto-estima, a sensação maravilhosa de amar e ser amada. Mostra o quanto a mulher fica mais iluminada e sensual, refletindo uma aura de leveza e alegria.

    - A DANÇA DO XALE: Nessa dança, trabalha-se a beleza, a suavidade e a feminilidade da mulher. As saias são enfeitadas com xales, movimentados durante a dança com graça, elegância, rapidez e leveza pela dançarina. A coordenação de movimentos dos ombros, demonstra uma desenvoltura tão grande que o xale parece envolvê-la em abraços aconchegantes.

    - A DANÇA DO PANDEIRO: Nessa dança, trabalha-se a alegria e a celebração da vida. O rodopiar das fitas coloridas que enfeitam os pandeiros, contracenam com as mãos que se movimentam com delicadeza e graça. A dança é uma ciranda de alegria esfuziante.

    - A DANÇA DO PUNHAL: Os ciganos - homens e mulheres - são muito possessivos e ciumentos em suas relações amorosas. Não aceitam o fracasso e a rejeição. Em muitas histórias ciganas, o punhal aparece em cena representando pactos de morte, algumas vezes por duelos de amor, outras por vingança.

    Trabalha-se nessa dança, o espírito da luta pessoal, a aceitação dos desafios que a vida nos oferece. Na coreografia da dança do punhal, na música e nos movimentos são colocadas toda a força e a raiva de um duelo de vida ou morte, com olhares que faíscam todo sentimento que sai da alma. Joga-se todo o sentimento de ganhar a disputa nos movimentos da dança. A leveza e agilidade nos giros, o trabalho de pulsos e mãos que seguram os punhais, devem refletir o sangue quente dos ciganos, sua alma passional que é capaz de lutar até a morte e ao mesmo tempo, não permitir que seja encoberta a pureza dos sentimentos envolvidos pelo turbilhão. O desafio das saias tem para as mulheres a mesma conotação que o dos punhais tem para os homens. Envolve os mesmos sentimentos de disputa, desafio e paixão.

    Existem diversas coreografias, seguindo a tradição de temas ciganos, como por exemplo: o casamento cigano; a sedução, o romantismo e a disputa amorosa; o mistério da alma cigana - a roda energética; a dança dos chapéus - o masculino e o feminino na cultura cigana.

    - O CORPO REVELANDO O ESPÍRITO CIGANO - A magia da dança cigana é o próprio poder alquímico de transformar a vida, pela percepção do nosso mundo interior, muitas vezes bloqueada. A dança, que a cada dia é praticada, proporciona um mistério de luz que move energias sutis, mobilizando abertura de caminhos, fazendo surgir vocações, trazendo à tona o potencial, há muito guardado.

    A mulher sente-se mais sedutora, faceira ou feiticeira, porque a leveza do seu corpo aumenta o seu poder de atração, já que faz renascer o seu lado feminino e sua auto-estima. Sentindo-se mais sedutora, pode haver um aumento de sua fertilidade.

    Desbloqueando o chakra cardíaco, atrairá mais amor. Quando a música toca, o povo cigano e as pessoas que têm a alma cigana se iluminam. O que se vê, então, é o despertar de emoções, que brotam do mais profundo do ser, através do corpo, das cores, das luzes que os envolvem."

    (texto inspirado de vivências pessoais, e citações de livros de diversos autores sobre Costumes e Histórico Cigano).


    .................................OPTCHÁ ROMAH!!!..................................

      Data/hora atual: Sáb Nov 23, 2024 8:34 am